Não, não me vou chatear.
Anda uma pessoa a tentar levar a sua vida na paz dos anjos, a tentar sorrir, até mesmo nos dias escuros e cinzentos que ultimamente assolam a vida do comum dos mortais, anda aqui a paz de alma, em completa ascese, totalmente desprendida de tudo e, depois, vem uma coisita insignificante destruir a montanha perseverante, que tanto trabalho deu a construir...
Não, não me vou chatear!
Insignificante depende do ponto de vista, é certo. Bem, bem visto, mais do que tudo é irritante, é irritante sentir falta de respeito por nós, pelos nossos sentimentos e por tudo o que queremos. Infantilidade? Capricho? Não, de todo. Esses, pertencem à categoria do egoísmo e, modéstia à parte, é adjectivo que não me qualifica.... Ou será egoísta querer ser tratada do mesmo modo que trato os outros?
Ás tantas, sou mesmo eu que estou muuuuito errada, porque não sou inconsequente e avalio os meus actos e as suas repercussões nas pessoas que me rodeiam. Pois.... Se calhar puxa-me o pézinho para a idiotice.... E lá estou eu a ficar chateada....
Não, não me vou chatear, já disse!
Mas então, a que se deve este amargo na boca e a tristeza no coração? Inspira, calmamente, expira fortemente.... 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.... there's so much more beyond that door.... Vai passar... vai passando... Mas todos sabemos que não passa. Aquela velha máxima de que o tempo cura tudo, não é mesmo bem assim. Não são nem mais nem menos do que simples clichets, inventados para aliviar angústias vãs.
Portanto, cá vou continuando, tentado andar para a frente, em vez de andar para o lado ou, o que é bastante pior, andar aos círculos.
Ainda assim digo e repito, NÃO, não me vou chatear!
O blog das generalidades, da banalidades, das eventualidades e da musicalidade da vida...
sexta-feira
O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos
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